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Hasta Siempre
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Poesia Mineirinha
A vida até a última gota – Por Jorge Ferreira
Da minha vida, digo eu
Pra começar:
Não tenho temor à morte,
Doloroso é perder a vida
E os gozos que ela me dá.
Me vejo menino com as suas façanhas.
Um cheiro impregnado no ar
Bicho, gente grande sem maquiagem.
Colerinha, canarinho, pintassilgo,
Meu pai, minha mãe e tio Mirinho.
Quando jovem tomei para mim
O destino humano.
Com meu pendor libertário
Quis salvar o mundo,
Ainda que ele não quisesse.
Virei um homem de causas,
De ensinança.
Furando o couro da realidade.
Tudo que diz respeito ao humano
Vida, criação, natureza,
Ausência do meu irmão,
Povo brasileiro.
Fez parte de minha ação.
Com o tempo, feito cobra
Adquiri outras peles.
Em cada uma delas
Me exerci sempre,
Igual a mim.
Não me arrependo.
Se me fosse dado
Outra vida a viver
Faria o mesmo retrilhar.
Voltaria com vagareza,
A passos contados.
Esporeando o tempo
Mão por mão,
Humanizar‑me‑ia ainda mais.
Sempre tive meus olhos,
E sentimentos
Para o profundo.
Mirei mais para o oceano
Que para a ilha.
Afinal, não vivemos
Para servir?
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Lançamento do livro Rio adentro em São Paulo
A poesia costuma “vitimar” pessoas que veem e sentem coisas que os mortais comuns não percebem. Rio Adentro está repleto de momentos saudosos, de passagens da infância, de amigos, parentes, e até dos que já se foram. Mas as saudades do autor saltam desta obra remoçadas, cheias de vida, de vigor, para nos ensinar que lembrar é mais do que reviver – é refazer os momentos. Jorge, também autor de Fazimento, seu primeiro livro de poesia, diz que pretende sorver até a última gota de vida e que sempre teve os olhos e sentimentos voltados para o profundo. “Mirei mais para o oceano que para a ilha”, diz em um de seus versos.
Rio Adentro
Autor: Jorge Ferreira
Formato: 16 x 23 cm.
Páginas: 90
Categoria: Poesia
ISBN: 978-85-8130-011-5
Código de barras: 978-85-8130-011-5
Preço: R$ 30,00
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14/03 – Dia Nacional da Poesia
Passei a sofrer de poesia.
Ando ocupado dela, por ela.
A imaginação invade minha intimidade,
Devassa meu passado
Acompanha‑me no meu trabalho.
Ando mastigando suas pétalas,
Trauteando músicas pelos cantos,
Falando do etéreo, do irreal, dos despojos da vida.
Sempre há uma palavra
Que teima em emergir do fundo d’alma.
Já não quero o remanso, apenas correnteza.
Trôpego, perdi a ideia do próprio corpo
Um médico‑ poeta, amigo meu, já diagnosticou:
Estou doente de poesia.
O pior de tudo, a doença não tem cura.
Não preciso dizer nada nesse meu desbotamento.
Não acredito mais no conforto do bispo
Nem no pobre perdão de Deus.
Agora, vou ficar assim:
Isento de saudade do meu outro eu,
Alheio, sem raiz, nem semente,
Despido da outra memória
Vou ser um andarilho dos meus versos.
Dar largas à imaginação, construir, quimeras,
Ficar concebido pelo pensamento vago,
Entressonhar, dar a seres imaginários
Vida, nomes e habitação
Entregar‑me ao devaneio, embalar ilusões.
Descobri nesse novo meu eu
Que o lençol da poesia é o tempo
E que só somos donos dele
Quando ele se esquece da gente.
Jorge Ferreira – poesia extraída do livro Rio Adentro
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